dawntown

...it sticks between the teeth of the mind...

Sunday, April 22, 2007

 
Soundtrack

Dizem os eruditos que os clássicos não existem para serem amados em função dos prazeres que se possam retirar da sua leitura(leitura, não fruição). Sendo temíveis e difíceis, dizem os eruditos, os clássicos funcionam primordialmente como pontapés no rabo que nos projectam para mais elevados patamares sensoriais e intelectuais. Para uma mais funda percepção de nós próprios e da humanidade. Quem sabe movido por tal crendice insista em submeter-me aos sacrificiais rituais lyncheanos. Lynch, crendo-se inequivocamente visionário genial, adianta-se estipulando as regras do seu próprio jogo. Dita ele em que condições devemos franquear o seu cosmos. Na descida a esse reino de águas profundas, turvas e turbulentas, habitado por humanos absurdos, há que deixar no bote toda e qualquer esperança de plausibilidade suprindo-se entretanto o tórax da maior quantidade comportável de oxigénio. Será que tamanho esmero anarco-narrativo ao longo de quase três horas, por si só, predefine Inland Empire como um dos seus clássicos? Who cares? Amenizam o pesadelo o génio interpretativo de Laura Dern e a banda sonora, de que Lynch é aliás co-responsável.





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