dawntown

...it sticks between the teeth of the mind...

Sunday, October 29, 2006

 
Birds

Writing songs is like capturing birds without killing them. Sometimes you end up with nothing but a mouthful of feathers.Aqui

Tuesday, October 24, 2006

 
Downtown

Haverá ainda vida em Marte? Por planeta vermelho entenda-se a música urbana afro-americana, de que há muito me distanciara por força da previsibilidade rítmica e aridez lírica em que se embrenhara nos últimos largos anos, acossada por escassíssimas excepções que mais não têm feito do que tentar obturar buracos num cano perfurado em milhentos pontos, vertendo água por tudo quanto é lado, e exigindo reparações urgentes e decerto demoradas. Por pura curiosidade abeirei-me de um posto de escuta na Fnac cujos discos pareceram-me merecer ao menos um piedoso 'benefício da dúvida'. Escutei atentamente o último trabalho de Carl Hancock Rux e a obra surpreendeu-me muito para lá do expectável. Trata-se do que se pode apelidar de um álbum eloquente na substância melódica, ostentando um amplo arsenal de matizes sónicos apurados e recursos composicionais, acrescido de um registo vocal enleante. Menos encantórias, ou decisivas, serão as letras das canções. Não me sendo o nome Carl Hancock Rux de todo estranho, procurei saber um pouco mais sobre o seu acervo. Rux é um jovem esteta nova-iorquino que estende os seus préstimos de criador a domínios tão díspares quanto complementares como música, teatro, poesia, romance e ensaio. É o que se lê em qualquer nota biográfica disponível na internet. Falamos portanto de um activo em alta na bolsa de valores da downtown, referência da spoken word despontada no Nuyorican Poet's Cafe, e pelos vistos com obra já agraciada com nomeações para e prémios propriamente ditos. Se no capítulo musical Rux é capaz de evidenciar traços de excelência, talvez o mesmo não se possa inferir de ânimo leve das suas outras incursões artísticas, daí estranhar-se o frenesi celebratório que o circunda, a menos que estejamos perante uma certa indulgência advinda de factores terceiros. Claro que o ciberespaço nem tudo nos disponibiliza, pelo que o juízo pode pecar por parcial, mas pela amostra fica-se com a sensação de que a ovação é excessiva. Da dezena de poemas acessíveis aproveita-se apenas um, em que, maliciosamente, apraz-me entrever ali pelo meio algumas linhas de coca, o que torna tudo mais hiper-real e críptico.
Just Asking
to live to die to die to live to be to what? To know to then to now with what?understanding.
we ask to seek to search to find to not to say you do to where to look to read to hear to trust to pray to lose to ask to not be answered. and if I should or not or if I must bleed to bend or if and then the gush is not for sure and if or not if the bow is not promised anointing after the curtain fall then should I not or must I then be clear, with who for what and how? That should and could are not for sure and if or not if means nothing anymore*to any of us*not now*not ever*well then, the thought is this, if the thought of being well is just a thought of being other than what you are but if the thought of being well is just a thought of being what you are not then how to know it is a thought that could bring a state of being if you have never been in that state at all, having never been it? or if you think, well then, that being well you once have been and for now are not then why the thought? why not the state of being simply willed into the now, if not, then how to know it is a thought that could bring a state of being, but if the thought could very well will the state then the thought is this. could the thought will the state and it is true that those who die all willed it so because they did not think of being well then, or as far as that goes, those who fail and those who fall, all willed it so by not being well then or willing the state of being well, well then if they did, the young, the old, the in-between, we would what to will or want right away, that is life, and what not to will or want, that is death, and if we did, so willed it so, then why the fear and why the fight and how could we want what we do or will such so if the state of life and the being of death are all inevitable, for one comes first and then the next, the opposite is still a thought and not a fact, and still the state of being well, must be a thought of being what we have never been, what none of us really are, well then, how or why, could the thought ever be the thing that wills the state, and is it true, at all, that those who live and those who die all willed it so, or have I asked this before, and us who say we want, we need, we must be well, is this what we really want or do we know what to want, that is what we are not, some state of being well then?

Thursday, October 19, 2006

 
Solo

Wednesday, October 18, 2006

 
A entrevista possível
Nos últimos dias passou na Sic Notícias uma entrevista a Francisco Louçã. Independentemente da conta em que se tenha o líder do Bloco não se pode deixar de constatar que Louça não foi convidado para uma entrevista mas sim para uma interpelação privativa. No lugar da entrevistadora encontrava-se uma prima-dona manifestamente entrincheirada no seu credo ideológico que não se coibiu de deixar advinhar a caricatura que faria do interlocutor assim lhe fosse requisitada. Presume-se que qualquer coisa como um troglodita ideológico. Fê-lo num registo sobranceiro e leviano ao arrepio da mais elementar sebenta jornalística. Só isso explica o surrealismo de alguns momentos da entrevista. Às tantas, de molde a fazer o convidado cair em apertos, a entrevistadora saca de uma citação proveniente de fonte inexistente. Afiança que Louçã terá apelidado Belmiro de Azevedo de mafioso. Louçã indaga sobre o paradeiro do apodo. Sem rede, a entrevistadora concede que se trata de um diz-se...Louça replica que muitas coisas são ditas a seu respeito, nomeadamente nos blogues de direita. Não fosse a carapuça servir-lhe a entrevistadora assevera que não frequenta blogues. Pelo tom com que o faz depreende-se que nutre pelos blogues a mais visceral aversão. Entretanto, prossegue a sanha contra Louçã. A jornalista afirma que as propostas apresentadas pelo Bloco são irresponsáveis. Louçã pede ao menos um exemplo. Sem munições, a entrevistadora hesita por instantes após o que dispara – o seu tom, sempre tão zangado...Ao que Louçã perplexo contrapõe – mas o tom não é proposta...Ainda assim Louçã não se exime de rememorar casos de injustiça social ou laboral que em seu entender justificam algumas propostas bloquistas. De novo sem contra-argumentos à vista, a cada exemplo avançado por Louçã a entrevistadora limita-se a retorquir: não se pode tomar a árvore pela floresta. Não se pode tomar a árvore pela floresta. A veterana jornalista partiu para a entrevista com os bolsos cheios de pedras e terminou com alfinetes espetados na lapela. Se calhar por habitarmos uma floresta luxuriante de árvores como aquela ali ao fundo certos canais não encomendam entrevistas como esta apesar terem excelentes relações comerciais com a BBC.

 
Smile
Broadcast journalism today promotes itself not so much on what it talks about but on the method it uses: "Broadcasting 24 hours a day, correspondents in over 50 capital cities, giving you all the headlines every 15 minutes, up to six generations of journalists gathered in one newsroom, making you feel all the news you want to feel, even on Christmas Day." Hi-tech software and speedy transmission makes everything instant news, but we lose sight of the skilled individuals who can process this random unstoppable flow of information and somehow construct a meaningful examination of it. We need narrative. Aqui

Saturday, October 14, 2006

 
Preservativo
Quando há anos questionaram na televisão um produtor de filmes pronográficos português sobre as reticências do meio ao uso do preservativo, a resposta foi peremptória – você prefere ver uma cena de sexo com ou sem preservativo? Pois bem, a pergunta poderia ter sido mais demolidora - você prefere fazer sexo com ou sem preservativo? Acontece que ao levar a debate um assunto como a pornografia a televisão coloca-se em posição pouco confortável. Note-se por exemplo que os telejornais têm praticamente a longevidade de um filme pornográfico(podendo-se sempre optar pelo noticiário alternativo do serviço público que tem a duração de um episódio de uma sitcom). A pornografia, no limite, gera vácuo. Não se tem sensação diversa de vácuo ao ver a televisão portuguesa, mecanizada numa dinâmica de anestesiamento crítico, intelectual e até político. Poucos documentários dignos de nota(os dedicados ao blues, a Bob Dylan e mais recentemente ao 11 de Setembro são excepções que sublinham a regra). Nada de entrevistas com grandes vultos mundiais da cultura e do pensamento numa era tão sedenta de interpretações inteligentes, fracturantes e inspiradoras. Nada de filmes incontornáveis, clássicos ou contemporâneos(quem os quiser que os pague no canal codificado mais próximo dado que o serviço público tem mais que fazer que assegurar este obséquio cultural num país de renda exígua para a maior parte dos seus indígenas). Em contrapartida, algo de mais ou menos novo. Excesso de frivolidade civilizacional e politiquice a rodos. Nunca houve tantos comentadores de toda a espécie a infestar canais televisivos, oriundos directa ou obliquamente de fileiras partidárias ou representantes anódinos da tal sociedade civil cujo içamento à televisão, em tempos, tantos entenderam inadiável. A televisão abriu-se ao país e fechou-se ao mundo. Transformou-se num fim social em si. Num espaço promocional sabiamente gerido pelos seus fazedores e avidamente cobiçado pelos demais. O mundo a sério pode esperar. A TV Cabo não satisfeita com a inenarrável exclusão do Arte da sua grelha deu-se ainda ao capricho de substituir o GNT pela evangélica TV Record. A ver vamos se o Mezzo não tem os dias contados. Sim, porque tudo pode esperar-se deste preservativo gigante que nos domina.

Friday, October 13, 2006

 
Chega de carnaval

Thursday, October 12, 2006

 
Home is where the global is
A dissertação de Homi Bhabha foi apanhada a meio e escutada com o traseiro assente nas escadas do átrio onde um écran grande transmitia em directo o que se passava no púlpito do lotado auditório-2 da Gulbenkian. Chegado a Lisboa com a patente de general dos estudos pós-coloniais, a Bhabha coube a honra de abrir o fórum cultural O Estado do Mundo que decorre na Gulbenkian ao longo do que resta deste ano e do próximo. E fê-lo bem, magistralmente até. Perpassou todas as temáticas ardentes deste conturbado e assimétrico mundo contemporâneo. Quanto à globalização, Bhabha foi lapidar ao reiterar que a globalização começa em casa. Enquanto afinam estratégias de sobrevivência no rendilhado de complexidades culturais, económicas e políticas da arena internacional, os estados deveriam instruir-se nos modos de gerir divergências culturais e discrepâncias económicas, dentro de portas.

Tuesday, October 10, 2006

 
Escape
Poetry is not a turning loose of emotion but an escape from emotion, says Eliot in words he has copied into his diary. 'Poetry is not an expression of personality but an escape from personality'. Then as a bitter afterthought Eliot adds: But only those who have personality and emotions know what it means to want to escape from those things. J.M.Coetzee in Youth

Monday, October 09, 2006

 
strange fruit


Tuesday, October 03, 2006

 
Trejeitos
Slavoj Žižek é estimado como o pensador na moda. Autor traduzido em várias línguas(português inclusive), académico fecundo, prolífico, multifacetado e controverso. Uma espécie de mascote pop de certos(vários) meandros intelectuais do continente. Veio parar-me às mãos um dos seus livros, que vou degustando vagarosamente, por ora com mansa excitação. Não é, contudo, o que importa no caso. O que importa aqui, para já, é a panóplia de gestos e tiques que ampara as sinapses de Žižek.

 
Idade da pedra
Sentado naquela velha pedra cinzenta...
W.B.Yeats

Archives

August 2006   September 2006   October 2006   November 2006   December 2006   January 2007   February 2007   March 2007   April 2007   May 2007   June 2007  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscribe to Posts [Atom]