HandsNão voltaremos a levar as mãos ao rosto. Ao mínimo ensaio seremos alcunhados de copistas, cábulas, plagiários, falsários. O músico de jazz que volte a poisar as mãos sobre as faces será impiedosamente votado ao ostracismo, vexado por melómanos, escorraçado da indústria, rasurado da história. Miles Davis e Dizzy Gillespie esgotaram o filão. Uma guerra travada palmo a palmo entre três titãs. Um
sprint renhido, dirimido à unha. Em causa estava a máxima sublimação do
rosto do jazz. O fotógrafo não se compraz e completa como singelo tecnicista. É director, encenador, compositor, coreógrafo. O seu génio afere-se sopesando detalhes ínfimos. Milimétricos. Uma bochecha enfunada, a pele arrepanhada, mãos um nada mais acima, dedos longilíneos ou roliços, olhos arregalados, semicerrados ou comprimidos, o labor da luz sobre o carácter da cútis, a sugestão de pudicícia, deslumbramento ou transe criativo. Em suma, o drama que trespassa a composição. Prova-o a
nota de Corbijn. Penn suplanta Corbijn. Quatro anos depois o holandês descobre-se de novo superado por Ritts. A distorção subjectiva do olhar impera escandalosamente na ordenação deste pódio.